quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Vacinas II: Vírus e vacinas

Sugiro para quem ainda não leu o primeiro post, sobre o mito da revacinação anual (procure em Vacinas).
Vírus são agentes infecciosos, de tamanho variando entre 20 a 300 nanômetros (1 milímetro tem 1000 nanômetros), constituídos de ácidos nucléicos - DNA ou RNA – e envoltos por uma capa de proteínas (alguns tem uma segunda capa o envelope).
Sua ação como causador de doenças se deve a uma característica especial: só se reproduzem com a “ajuda” de células animais ou vegetais. Os vírus não têm como objetivo matar seu hospedeiro, eles necessitam de células vivas para se reproduzir! Se o animal não consegue se recuperar dos danos causados a sua saúde pelos vírus e por outros microrganismos oportunistas, uma fatalidade que poderá acontecer... especialmente em animais imunodeprimidos.
Mas se o organismo do hospedeiro vencer a batalha estará para sempre imune aquele agente infeccioso. Outra maneira de se tornar imune é através das vacinas. Vacinas são “imitações de doenças”, lembrando do post anterior, são miniexércitos atacando nosso castelo sob condições controladas.
Vacinar: é “enganar”  o sistema imune, estimular a resposta imune com microrganismos que perderam sua patogenicidade mas conservam sua imunogenicidade. A imunidade a uma doença é conquistada quando há a soroconversão, isto é: quando o antígeno origina anticorpo.
Uma vacina tem, em geral, 4 componentes:
1) Antígeno.. ou seja o agente infeccioso (vírus) inativado ou atenuado, partes do agente (proteínas da capsula ou envelope do vírus), toxinas bacterianas inativadas, ou ainda vírus ou bactérias modificados geneticamente (recombinantes).
2) Solvente: água estéril, ou com pequenas quantidades dos constituintes biológicos em que são produzidas as vacinas (proteínas, células de meios de cultura).
3) Conservantes: antibióticos, estabilizadores como fenol, timerozal, acetona, formaldeído, etilenoamina, látex, gelatina, evitam a contaminação da vacina por bactérias ou outros tipos de deterioração.
4) Adjuvantes: Compostos à base de alumínio que aumentam o efeito da resposta imunológica do indivíduo vacina.
Os conservantes e adjuvantes podem causar reações adversas!
Quanto ao estado do vírus as vacinas podem ser:
Vacinas Atenuadas: compostas por vírus vivos, (uma cepa enfraquecida, incapaz de causar a doença).  O enfraquecimento do agente é normalmente realizado por meio químico ou por engenharia genética.
Nas vacinas atenuadas o patógeno infecta as células do hospedeiro e replica-se,(se reproduz, aumentando a quantidade de vírus no hospedeiro), o sistema imune responde, induzindo imunidade humoral (produção de anticorpos), mediada por células e de mucosas (produção de células de memória).
Nas vacinas de vírus vivos e atenuados a produção de anticorpos pelo sistema imune é maior e mais rápida, em relação a vacinas com vírus mortos.
As principais vantagens de uma vacina atenuada são: a necessidade de um menor número de aplicações, o fato de não necessitarem de adjuvantes, o menor risco de desenvolvimento de hipersensibilidade, a indução do interferon, a baixa massa antigênica e o baixo custo.
Essas vacinas tendem a quebrar a imunidade materna em um período mais precoce e induzem imunidade mais rapidamente do que os produtos inativados uma vez que, se não houver mais imunidade materna, induzem imunidade com uma única dose.
Entre as desvantagens de uma vacina atenuada está o fato de que se a atenuação for feita de forma incorreta podem causar a doença (reversão à virulência). Outro problema é que, por se tratarem de organismos vivos, podem sofrer inativação se forem estocadas ou administradas de forma incorreta, necessitando de condições especiais de armazenamento. E ainda a possibilidade de perpetuação do organismo no meio ambiente (vírus no solo e nas águas).
Vacinas inativadas: Compostas pelo vírus morto ou partes deste (proteínas). O mais importante nas vacinas inativadas é a manutenção da similaridade antigênica da amostra vacinal ao agente patogênico natural. Dentre as vantagens temos o fato dela ser estável ao armazenamento, de não apresentar virulência residual, (não causa a doença – reversão da virulência). Como desvantagens podem causar reações alérgicas pelos adjuvantes que contem e como não mimetiza a infecção natural (os patógenos não se reproduzem no hospedeiro), pode não induzir suficiente imunidade celular ou de mucosa, sendo necessária mais de uma dose.
Vacinas Recombinantes: alguns antígenos dos patógenos (proteínas ou outros componentes) são mais eficientes no estimulo ao sistema imune e conversão para anticorpos. Os genes que codificam para estes antígenos eficientes são retirados das bactérias e vírus que nos interessam (como vacina) e colocados em bactérias não patogênicas. A vacina então é feita com estas bactérias modificadas, que o organismo do animal vai reconhecer como aquele vírus patogênico.
Sobre a necessidade de aplicação as vacinas se dividem em:
Vacinas essenciais: são aquelas recomendadas a todos os filhotes e cães com história desconhecida de vacinação. As doenças envolvidas possuem significante morbidade e mortalidade e são distribuídas amplamente e, de modo geral, a vacinação resulta em uma proteção relativamente boa. As vacinas consideradas essenciais para cães são: raiva, cinomose, parvovirose. Para gatos são essenciais as vacinas contra panleucopenia, rinotraqueíte viral, calicivirose e raiva
Vacinas opcionais devem ser consideradas de acordo com o risco de exposição do animal baseando-se na distribuição geográfica da doença (áreas de ocorrência da doença) e no estilo de vida do animal (animal de “casa”, só sai em passeios).
Entre elas: Leptospirose que é rara em muitas regiões geográficas! Agora temos vacinas com os cinco tipos (L. canicola, L. icterohaemonhagiae, L. grippotyphosa, L. pomona e L copenhagini), um exagero insano!!  porque nem todos os tipos (espécies da bactéria) coexistem na sua cidade! E a duração desta vacina é de 6 meses (pois a imunidade gerada por antígenos bacterianos é diferente da proveniente de vírus!!!!).Mais: uma grande porcentagem de cães vacinados não desenvolve imunidade ou desenvolvem apenas por um curto período de tempo. E a vacina não previne a infecção ou a eliminação do microrganismo pela urina.
Adenovirus tipo 2 – Hepatite - embora seja uma infecção grave, não tem alta incidência (segundo bibliografia atualizada a incidência é baixa!).
Para gatos as vacinas contra clamidiose, leucemia felina e peritonite infecciosa felina são consideradas opcionais. O uso dessas vacinas deve ser restrito a gatos com real risco de exposição a esses agentes patogênicos, como exemplo, quando temos muitos animais convivendo em gatis.
Vacinas não recomendadas: rotineiramente são aquelas contra doenças que não possuem significado clínico importante ou que respondem prontamente a tratamento, vacinas com eficácia mínima evidente ou com efeitos colaterais maiores que os benefícios. Entre elas destacamos a vacina contra parainfluenza, adenovírus-1,  Bordetella,  coronavirose Giárdia ara os cães e Bordetella, Giárdia e dermatofitose (Microsporum) para gatos.
Parainfluenza, Adenovírus-1 e Bordetella são três das oito possíveis causas da Tosse dos canis, sendo que Bordetella é uma bactéria então a vacina tem curta duração (aproximadamente 6 meses).
A Tosse dos canis tem tratamento, dura em torno de uma 10 dias e não oferece perigo para cães saudáveis. Coronavirose é uma gastroenterite, também de fácil tratamento. E giardíase, muitas vezes é subclinica (sem sintomas) e a vacina não tem ação comprovada, assim como a vacina de Microsporum.

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